RADARES QUE FLAGRAM VELOCIDADE MÉDIA DE VEÍCULOS PODEM SER INSTALADOS EM RODOVIAS DE MINAS GERAIS EM 2026
A concessionária Ecovias acredita que os radares que flagram velocidade média de veículos e que estão em teste na BR-050 no Triângulo Mineiro possam começar a multar em 2026. A empresa faz estudos sobre a viabilidade da ampliação do monitoramento, em um segundo momento, para outras concessões, como a BR-135, MG-231 e LMG-754, no Norte de Minas, e na BR-116, entre Minas e Rio de Janeiro. A tecnologia, ainda em teste, calcula a velocidade de um veículo com base no tempo que ele leva para percorrer a distância entre dois pontos monitorados. Ou seja, não adianta frear apenas ao passar pelo equipamento.
Os radares de velocidade média já são utilizados em países europeus como Itália e Portugal. O equipamento registra as placas dos veículos e calcula a média de velocidade. Se essa média ultrapassar o limite permitido, o condutor é autuado por excesso de velocidade. Na prática, o radar de velocidade média é colocado em dois pontos, o de entrada e saída.
COMO FUNCIONA?
Para os planos de adoção da medida de segurança se tornarem realidade, falta a homologação pelo Inmetro no Brasil e mudança do Código d Trânsito Brasileiro
FALTA MUITO PARA A NOVIDADE ENTRAR EM VIGOR
A Ecovias ainda não precisou data para viabilidade dos aparelhos começarem a multa. Para os planos de adoção da medida de segurança se tornarem realidade, falta a homologação pelo Inmetro no Brasil. Depois, o sistema será analisado pela Secretaria Nacional de Trânsito (Senatran), que pode envolver o Congresso Nacional.
Os estudos do Inmetro iniciaram após um pedido da Ecovias Minas-Goiás. Eduardo Ribeiro de Oliveira, coordenador-geral executivo da Diretoria de Metrologia Legal do Inmetro, explica que, após a provocação por parte da concessionária, empresas fabricantes de radares se mostraram interessadas no novo equipamento em caso de aprovação.
Há mais de um ano o Inmetro analisa o pedido. Segundo Eduardo, a previsão é de que até o fim do ano haja pelo menos a minuta para ser discuta. Antes, deve haver uma consulta pública que não é capaz de reprovar a aceitação técnica, mas de aprimorar a homologação.
O fato de já ter um modelo em prática na Europa encurtou os prazos para a homologação. “Já temos exemplo lá de fora, seria um texto mais simples, apenas a inclusão de regulamento já existente. Esse processo de regulamentação é mais simples, mas varia para cada tipo de instrumento”, explicou.
Após a homologação, as empresas podem dar entrada no processo de aprovação do modelo, o que inicia uma nova fase de testes para averiguar se os instrumentos atendem ao regulamento do Inmetro. Com a chancela, o Inmetro publica uma portaria de aprovação do modelo, que é a autorização para aquele tipo específico entrar em operação.
SÓ DEPOIS DE NORMAILZAÇÃO NO CÓDIGO DE TRÂNSITO BRASILEIRO
Na prática, o radar só começa a autuar com a inclusão do novo modelo nas normas de trânsito. “É importante frisar que o Inmetro aprova instrumentos e garante as medições. Mas as partes relacionadas ao trânsito têm resolução do Contran que trata desses equipamentos. A etapa do Inmetro é uma dentro do sistema de trânsito. Saindo o regulamento, por exemplo, no final do ano, fabricantes solicitam a aprovação e isso de demora de 3 a 4 meses. Então em abril já estariam aptos a comercializar, mas se vão ser utilizados para fiscalização efetiva nessa época, aí é outra questão”, disse Eduardo Oliveira.
RESULTADOS DOS TESTES PRECISÃO DOS APARELHOS
As pesquisas feitas até o momento indicam que o limite mínimo entre dois radares deve ser 500 metros por possíveis erros envolvidos na captura. Acima disso, em teoria, não teria limites, mas o sistema pode ser falho em locais com várias saídas e com distâncias em que o motorista não passaria pelo segundo ponto de fiscalização.
O Gerente de Operações Rodoviárias da Ecovias Minas-Goiás, Bruno Araújo Silva, liderou uma excursão no mês passado a Portugal, Suíça e Itália com autoridades do Inmetro, da Velsis – empresa brasileira parceira na operação de radares de velocidade da BR050 – e da Kistler, fabricante suíça de sensores HSWIM. Em Lisboa, a equipe foi recebida pela Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária (ANSR) – equivalente à Senatran no Brasil. O órgão apresentou os resultados expressivos do uso de radares de velocidade média no país, com reduções de até 50% no número de mortes em trechos monitorados. Além da explanação técnica, os participantes acompanharam uma operação de aferição em campo.
NEGATIVA DE OUTROS ESTADOS
Segundo o gerente de operações, alguns lugares tentaram implementar a fiscalização por velocidade média, mas sem sucesso, como é o caso de São Paulo. Bruno Silva alega que “não adianta falar de tecnologia de fiscalizar sem metrologia. Se não está homologado, não se fala de fiscalização e legislação”. Por isso, a concessionária pediu a homologação do Inmetro e, ao mesmo tempo, implementou a velocidade média como testes em um trecho de 11 km de maior número de acidentes em Uberaba.
“São dois pontos em que os radares já estavam lá e agem naturalmente. A gente só colocou um software que pega a placa no ponto A e B e calcula distância, tempo e velocidade média. Se eu juntar 12 meses, o radar normal fez 2.600 multas. Se a gente tivesse a velocidade média, seriam 160 mil multas. Isso mostra que o motorista só freia onde tem radar e depois acelera de novo. Outro caso, pegamos o usuário mais frequente na velocidade média. No radar da PRF, ele não tomou nenhuma multa, mas se tivesse o de velocidade média ele tomaria 105. Ele foi abordado e fizemos uma campanha educativa. Quando essas campanhas ocorrem, na semana seguinte há uma queda de 25% nas infrações (que não são aplicadas, só testadas). Depois esquecem de novo”, frisou.
Para aplicar no Brasil, o gerente pontua que é errado acreditar que serão monitorados 400 km de uma rodovia. Os trechos serão menores, incluindo a segmentação do atual ponto de testes em Uberaba. Bruno Silva declarou que “não precisa inventar, só copiar o que dá certo na Europa”.
Por Jardel Gama
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