MINAS JÁ SOMA 500 GOLPES DO 'FALSO ADVOGADO' EM MENOS DE 8 MESES
Estimativa feita pela Ordem dos Advogados do Brasil - Seção Minas Gerais (OAB/MG) - revela que o golpe do “falso advogado” registrou cerca de 500 ocorrências no estado só neste ano. A média é de 60 casos por mês. Na fraude, criminosos enviam mensagens para pessoas com processo judicial em andamento, utilizando a foto de profissionais do Direito, e cobram transferências bancárias. Informações sobre as ações em tramitação são conseguidas pelo sistema dos tribunais. Por meio de nota, a Polícia Civil alertou que qualquer pessoa lesada deve comparecer à delegacia mais próxima com documentos e provas disponíveis.
NÚMEROS ALARMANTES
OAB/MG acredita que a quantidade real de vítimas pode ser ainda maior, devido à grande subnotificação, especialmente entre as vítimas que perceberam a tempo que se tratava de um estelionato e não fizeram nenhuma transferência.
Os criminosos têm se passado por diversos advogados e, até mesmo, oficiais de Justiça. Após acionarem por um aplicativo de mensagens pessoas com ações tramitando nos tribunais, os estelionatários afirmam que a vítima obteve uma vitória no processo e, por isso, teria valores altos a receber.
IMFORMAÇÕES ‘PRIVILEGIADAS’
A diretora de Prerrogativas e conselheira estadual da OAB/MG, Carla Silene, explica que os criminosos estariam tendo acesso a informações dos processos das vítimas por meio das plataformas do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG). "O que percebemos é que estão diversificando o método. Agora, já estão enviando as falsas decisões judiciais para as vítimas. Tivemos casos até mesmo que se passaram por um juiz, inclusive simulando uma audiência. Também registramos alguns golpes em que os suspeitos conseguiram acessar o sistema depois de terem invadido o login e a senha de advogados que estão na ativa", detalha.
Diante do aumento de casos, a OAB/MG vem investindo em campanhas de conscientização da população e dos advogados. "A OAB vem intensificando uma campanha para conscientização, tanto para a população como com os escritórios de advocacia, para tentar estabelecer uma espécie de código, ou a utilização de um único número para comunicação com seus clientes, para evitar esse tipo de crime. Também acionamos o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) e a Polícia Civil", completa Carla.
VÍTIMAS DEVEM REGISTRAR BO
A Polícia Civil foi procurada por O TEMPO e informou, por nota, que a servidora pública, de 49 anos, registrou ocorrência no último dia 6 de agosto. "Cumpre salientar que o crime de estelionato é de ação penal pública condicionada à representação da vítima, o que significa dizer que, para a instauração de inquérito policial, é necessário fazer representação criminal no momento do registro da ocorrência", completou a instituição.
Ainda conforme a diretora da OAB/MG, o número de 500 casos em 2025 possivelmente é subnotificado. "Tive conhecimento de um único escritório de advocacia que teve mais de 50 causas que foram usadas pelos golpistas. Portanto, acho que o número é, na verdade, muito maior. Infelizmente muitas pessoas não estão registrando as ocorrências", disse Carla.
Ainda na nota enviada pela Polícia Civil, a instituição policial orientou que qualquer cidadão que tenha sido vítima do golpe ou de uma tentativa de golpe, deve registrar o fato em uma unidade policial ou, até mesmo, pela Delegacia Virtual.
A população também pode ver outras orientações sobre este tipo de crime por meio da cartilha "Golpe, só se for nos criminosos".
TJMG ALERTA PARA GOLPES EM NOME DO TRIBUNAL
Também por meio de nota, o TJMG informou que realiza campanhas permanentes para alertar a população sobre fraudes que utilizam o nome da instituição. “O Tribunal de Justiça de Minas Gerais realiza ações recorrentes, no portal da instituição e em suas plataformas oficiais, para alertar a população sobre possíveis golpes envolvendo o nome do TJMG”, diz o comunicado.
No site oficial, o tribunal já publicou orientações à sociedade. Segundo o TJMG, nenhum servidor ou magistrado entra em contato com partes ou advogados por telefone ou aplicativo de mensagens para solicitar pagamento de custas, taxas ou qualquer depósito para liberação de valores.
Mais detalhes podem ser conferidos no material divulgado pelo próprio tribunal, clicando neste link.
Por Jardel Gama