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Clássicos da Liberdade

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ALIMENTOS BÁSICOS MAIS CAROS

CESTA BÁSICA EM BELO HORIZONTE TEM ALTA SIGNIFICATIVA EM OUTUBRO. DIEESE TAMBÉM REGISTRA AUMENTO NO PREÇO DA CESTA

O custo da cesta básica teve aumento de 5,63%, entre setembro e outubro de 2024 em Belo Horizonte. De acordo com o Instituto de Pesquisas Econômicas, Administrativas e Contábeis de Minas Gerais (Ipead/UFMG), o valor da cesta em outubro atingiu R$ 727, 19, o quarto maior valor no ano. Em relação a janeiro deste ano, que foi de R$ 735,43, a cesta está R$ 8, 24 mais barata.

Atualmente, o custo da cesta em BH representa o equivalente a 51,50% do valor de um salário mínimo. Em comparação com outubro de 2023, a cesta está custando atualmente R$ 57,73 a mais.

Em relação à proporção do salário mínimo, o custo é maior também em outubro deste ano, pois a cesta custava o equivalente a 50,72% do salário mínimo vigente em outubro de 2023. Ou seja, houve perda no poder de compra do salário mínimo em relação à cesta básica na comparação anual.

 

Após quatro quedas consecutivas, de fevereiro a maio deste ano, a cesta apresentou alta em junho, quedas consecutivas em julho e agosto e altas em setembro e outubro. Com o resultado deste mês, o custo da cesta básica em BH registra altas acumuladas de 4,87% em 2024 e 8,62% em 12 meses.

De acordo com o economista do Ipead, Diogo Santos, esse aumento considerável do custo da cesta básica reflete um aumento generalizado dos itens que a compõem.

"O óleo de soja e o chã de dentro, que tiveram um aumento de 9,5%, foram itens que geraram um maior impacto de elevação na cesta básica agora neste mês. E esse aumento expressivo da chã de dentro, bem como de todos os cortes de carnes bovinas em Belo Horizonte e no Brasil nesse período mais recente, reflete um momento de menor oferta da cesta básica", explica Diogo.

 

PRODUTOS COM MAIOR/MENOR VARIAÇÃO NO PREÇO

Dos 13 itens que compõem a cesta básica, dez apresentaram alta do preço médio. Os itens com maior variação positiva no preço médio no mês, isto é, os que mais subiram, foram tomate (15,31%), banana caturra (14,01%), chã de dentro (9,55%) e óleo de soja (9,50%).

Já as variações negativas de preços, isto é, itens que ficaram mais baratos, foram batata inglesa (-5,64%), arroz (-0,71%) e farinha de trigo (- 0,54%). Portanto, as maiores altas foram mais intensas que as maiores diminuições.

Considerando a importância relativa de cada produto, os que mais contribuíram para a alta de 5,63% do custo da cesta básica em BH foram chã de dentro (3,12 p.p.), banana caturra (1,34 p.p.) e tomate (0,91 p.p.). No ano, o item com maior variação positiva é o café moído (57,34%) e o item com a maior variação negativa é o feijão carioquinha (-20,58%).

 

DIEESE TAMBÉM REGISTRA AUMENTO NO PREÇO DA CESTA

O Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), também registrou aumento no preço da cesta básica, em Belo Horizonte, de setembro a outubro. Neste caso, de 4,09%, passando a custar R$ 678,07 e comprometendo 51,92% do salário mínimo líquido do trabalhador. Com a elevação, a Cidade está entre as cinco capitais brasileiras que registraram as maiores altas no período, atrás apenas de Campo Grande – MS (5,10%), Brasília – DF (4,18%) e Fortaleza – CE (4,13%).

No acumulado de janeiro a outubro, o maior impacto foi observado no preço do tomate, que avançou 24,34%. Em seguida, carne bovina de primeira (6,29%), açúcar cristal (4,51%), óleo de soja (4,15%) e farinha de trigo (3,02%) também registraram aumentos consideráveis. Já as diminuições ocorreram no preço da banana (-1,2%) e do arroz agulhinha (-0,31%).

 

ANÁLISE TÉCNICA

Para o economista e supervisor técnico do Dieese em Minas Gerais, Fernando Duarte, o aumento no valor da cesta básica em Belo Horizonte evidencia um cenário de pressão sobre as finanças das famílias. “Passamos por um período de queda e é natural que uma alta impacte a população em geral. No mês, tivemos uma alta bastante expressiva e motivada pelo preço do tomate, além do aumento do valor da carne, que é um produto com preço médio elevado e pode pesar mais no orçamento dos mineiros”, avalia.

 

‘MORDIDA’ NO SALÁRIO MÍNIMO

Para quem recebe o salário mínimo, a situação é ainda mais desafiadora. Entre setembro e outubro, a cesta básica comprometeu 51,92% da renda dos trabalhadores que recebem essa quantia, e agora necessitam trabalhar 105 horas e 39 minutos para adquirir o conjunto de alimentos essenciais. Isso significa, na prática, 4 horas e 9 minutos a mais do que o necessário no mês anterior.

Ao analisar fatores que impulsaram o valor do conjunto de alimentos básicos, Duarte destaca que a alta do dólar aliada às adversidades de questões climáticas segue impactando itens como café e soja. Nos últimos doze meses, ambos os produtos apresentaram altas expressivas de 56,25% e 24,91% respectivamente.

O economista destaca ainda que o alto comprometimento da renda somado aos avanços no preço da cesta básica acende um alerta em todo o País e poderá comprometer o poder de compra dos brasileiros.

 

PRODUTOS QUE INFLUENCIARAM

Além do café e soja, no acumulado anual foram observadas elevações em outros nove produtos da cesta. São eles: batata (55,56%), banana (25,30%), arroz agulhinha (22,26%), leite integral (15,10%), feijão carioquinha (8,20%), carne bovina de primeira (7,99%), manteiga (7,09%), pão francês (3,16%) e açúcar cristal (0,27%). Somente o tomate (-31,36%) e a farinha de trigo (-1,65%) apresentaram queda neste tipo de comparação.

Cesta básica aumenta em todas as capitais analisadas e não há perspectivas de queda

O aumento em Belo Horizonte pode ser reflexo de uma alta em âmbito nacional, conforme aponta os dados do Dieese. Entre setembro e outubro, os avanços foram registrados nas 17 capitais analisadas pelo departamento.

 

OUTRAS CAPITAIS

Dentre os maiores avanços, São Paulo desponta na liderança, com conjuntos de produtos orçados em R$ 805,84. Em seguida, Florianópolis (R$ 796,94), Porto Alegre (R$ 774,32) e Rio de Janeiro (R$ 773,70) obtiveram os maiores valores no entre setembro e outubro.

O preço da carne bovina aumentou em todas as cidades pesquisadas, com as maiores altas nos últimos doze meses registradas em Fortaleza (9,95%), Campo Grande (8,62%), Brasília (8,02%) e Natal (7,68%). Neste mesmo caminho, o óleo de soja segue cada vez mais caro, com altas acima de 20% em Vitória (25,76%), Belo Horizonte (24,91%), Rio de Janeiro (24,13%), Goiânia (23,58%) e Campo Grande (21,77%).

 

POSSÍVEL REDUÇÃO

Para os próximos meses, Duarte ressalta que não há nada que aponte para uma redução no preço da cesta, mesmo considerando possíveis quedas no dólar. “Em novembro e dezembro, devido à sazonalidade, o valor pode subir e encerrar o ano em 8%. Apesar disso, até o momento, a alta tem ficado abaixo da inflação e isso vem ajudando a segurar os valores, evitando avanços ainda mais crescentes”, conclui.

 

 

Por Jardel Gama